A
ONU divulgou a cerca de um mês um relatório em que o Brasil é o 4º país mais
desigual da América Latina.
O
que intriga é ver o país crescendo economicamente (superando potências
européias) e cidadãos vivendo em condições subumanas. Nem mesmo a ascensão de
governos de apelo popular fez com que as oportunidades fossem iguais para
todos.
Miriam
Salles de 23 anos, moradora da comunidade Pavão-Pavãozinho(Copacabana) afirma:
“ Lá em cima acaba luz, a gente paga a mesma conta que o rico paga.” Com 15 anos,
ela engravidou e mora com a mãe, seu filho e mais 5 irmãos numa casa de 3
quartos. Filha de um antigo “dono do morro” ela conta que viu muita violência e
que se drogava com freqüência.
Não
tem esperanças em eleições, acha que o governo olha com descaso pra sua
comunidade. E a sociedade não dá oportunidades iguais:
“Só por que acha que é
um neguinho da favela, não vai ter experiência.”
Miriam
acha que as mães se apóiam em práticas populistas do governo, como bolsa
família. “ As mães na querem mais trabalhar.” Acredita no Projeto do Criança
Esperança em sua comunidade. E seu sonho é um dia poder terminar uma faculdade.
Em uma mesma cidade maravilhosa, Lynn Court, estudante de jornalismo e
designer, vive uma realidade completamente diferente. “Estudei na escola
britânica fui alfabetizada em inglês, cursei o colégio ate o fim e passei pra
desenho industrial na Puc.”
A estudante mora na Lagoa com a família e trabalha no canal Multishow.
Tem acesso a exposições de arte.
”No colégio me incentivavam, ganhei prêmios de arte e fui indo, sempre
procurei me informar sobre muito livros, leio 3 livros em media ao mesmo tempo,
sempre 1 em inglês.”
Lynn acredita que a desigualdade pode mudar através
do investimento em educação. Acredita que as eleições nos dão possibilidade de
mudanças.
Segundo
o prof de Teoria Política da UNIRIO,Fernando Quintana,a idéia da estudante de
comunicação é boa. Educação é um dos fatores que auxiliam na mudança. “A
continuidade de programas de
transferência de renda acompanhados com inserção ao mercado de
trabalho, aumento do salário mínimo, melhor qualidade na educação
(sobretudo técnica), se conseguirá diminuir as desigualdades ainda
"gritantes" que caracterizam vários países da região.”
Já
Paulo Durán, do departamento de Ciências Socias da PUC-Rio acredita as
desigualdades sociais no Brasil são estruturais e históricas. “Os dados desse
relatório ressaltam problemas que enfrentamos há muitas décadas.”
Paulo acredita nos programas do
governo.“O PAC, a extensão do Programa Saúde da Família, a implementação das UPAs, etc., vêm atualmente colocando possibilidades importantes de solução desses problemas sociais. No entanto, pelo menos no que se refere aos dados do relatório da ONU, precisaremos não somente de mais investimentos governamentais, mas também de novas ideias que possam subsidiar processos decisórios menos burocráticos e mais participativos."
"precisaremos não somente de mais investimentos governamentais, mas também de novas ideias"