Finalmente, postarei algo completamente opinativo.
O jornalismo e seu papel social foram aprofundados ao longo de um período e de 20 postagens nesse blog.
Investigar requer capital, dados, muitas fontes , mas principalmente coragem e audácia.
Temos grandes nomes no Brasil de repórteres investigativos, muitos deixaram a adrenalina e o compromisso com o público ir além de suas vidas.
Portanto, em alguns meses teorizamos em sala quanto aos deveres, compromissos e principalmente desafios!Afinal, existe ou não a objetividade? A ética é necessária já que trabalhamos para empresas que vivem de lucros? são imagens, fontes, palavras ou estamos lidando com pessoas?
Foram inúmeras questões trabalhadas para ajudar na formação de repórteres que vão além. Que não somente, conhecem maquinários e técnicas,mas que sabem o jeito de preservar a informação.
Apublica
é uma maneira diferente de fazer jornalismo investigativo. É uma agência de
reportagem e de jornalismo investigativo que tem como principal fonte wikileaks.
“Documentos
vazados pelo WikiLeaks mostram como age uma organização que treina
oposicionistas pelo mundo afora – do Egito à Venezuela”
Apublica
cumpre o que propõe ao mostrar “furos” de organizações através do Wikileaks.
Porém,
questões devem ser debatidas:
Wikileaks
é uma fonte segura de informação?Além disso, é ético infringir soberanias,
segredos de Estado em prol da liberdade de expressão?
Segundo
o colunista Julho
Echeverría do
jornal El comércio
“O caso Assange colocado sob estresse o conceito
de soberania de maneira mais profunda. Por revelar segredos de estado, revelou
a vulnerabilidade dos sistemas de informação e controle, que é baseada na
soberania dos Estados. A informação e o sigilo são pilares da soberania do
Estado como o Estado é concebido tendência ou potencialmente enfrentou inimigos
externos e internos. O segredo é a melhor arma para o exercício da soberania
para o exterior mais de outros estados, como para dentro, contra seus próprios
cidadãos. “
“Os documentos do WikiLeaks nos fortaleceram”, diz Rafael Correa.
Até onde a imprensa realmente produz conhecimento? Leva a reflexão? No
embate de forças sociais, na disputa entre interesse público e privado, a
imprensa cumpre seu papel.
Nem só de jornalismo vive a imprensa. Também temos a publicidade, as
relações públicas e o cinema.
O cinema brasileiro está em expansão. E a imagem do Brasil também,
aparecendo cada vez mais em âmbito internacional.
O sucesso de bilheteria Amanhecer parte 2, mostrou o Brasil ainda dentro
de velhos esteriótipos.
“O desfile de aberrações etnocêntricas continua, com os vampiros brancos
dominando tudo, os lobos chicanos como fiéis serviçais, os negros como
facilitadores e provedores de produtos ilegais, além de toda uma gama de
representantes de outras partes do mundo
Já a América do Sul é representada por um índio Ticuna, um americano fortão com
bastante urucum no rosto, além de Senna e Zafrina, duas miscigenadas criações
da floresta, emperequetadas com um aviltante figurino tropical.”
“Expondo a ignorância de Stephenie Myer (e de toda a equipe do filme)
com relação às culturas existentes além das fronteiras dos Estados Unidos,Amanhecer – Parte 2 em
trazer duas índias do Amazonas (ou “índias do Amazonas”) inacreditáveis – e não
é à toa que uma delas se chama “Senna”, já que este é provavelmente o único
nome brasileiro que Meyer escutou na vida (neste sentido, é surpreendente que a
outra garota não se chame “Pelé”).”
Pablo Villaça,Escritor, crítico de cinema desde 1994 e diretor do Cinema em Cena.
Dentre inúmeros desafios
da profissão, um deles é saber a linha tênue entre ousadia e perigo. É como o
jornalista deve se portar ao entrar em lugar de conflito, ou mesmo, será que
ele deve ir adiante?
Alguns foram
adiante e conseguiram um furo, mas outros perderam seu bem maior, a vida.
Por isso, a
ABRAJI junto com o INSI(International News SafetyInstitute) criou workshops
para ensinar como se defender em situações de perigo. Marcelo Moreira,
presidente da ABRAJI e editor-chefe do RJTV Segunda edição, explica o programa ao
comemorar 10 anos de ABRAJI.
“O objetivo é implantar no Brasil
uma cultura de segurança.”
O próprio INSI
mostrou que o Brasil é o 5º país mais perigoso para os jornalistas. Perdendo
apenas para Syria, Somália, Nigéria (regiões em conflitos) e México.
Segundo o jornalista francês Benoit Hervieu, chefe do escritório
para a América da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF):
“No Brasil não há a polarização política entre imprensa e
governos, como se vê em países como Venezuela e Argentina. Porém, o RSF
registra que em 2012 houve seis casos de jornalistas mortos, sendo que em pelo
menos três deles há fortes indícios de que os crimes tenham ligação com o seu
trabalho”,lembrou.
Imagem
, vale mais que mil palavras. Por isso, o fotojornalista tem que tem grande
responsabilidade ao publicar uma foto. A imagem tem o poder incrível, ela
comunica diretamente. Choca, emociona e faz refletir.
O
documentário: “ Abaixando a câmera”de Guilheme Planel mostra os desafios e a
dor ao retratar.Durante a narração do filme são mostradas várias fotos. O
documentário mostra desafios do fotojornalismo, mas também toca na questão de
até onde a imagem é a verdade.
Atrás
de lentes, técnica e flashes existe um ser humano com emoções, cultura, crença
e principalmente valores. Através desse filtro ideológico e emocional o
fotógrafo opta por uma imagem. Essa imagem é real, porém ela é escolhida. Por
isso, muitas vezes não se pode dizer que aquilo a verdade, sendo aquilo a
verdade sob os olhos do fotojornalista.
No
fotojornalismo carioca, a dor gerada pela violência no Rio de Janeiro se tornou
o foco das imagens. A fotografia mostra essa “verdade” explorando o sofrimento
dos cidadãos. Há um embate de forças que Focault cita haver no jornalismo: o
compromisso com o público e com a empresa (que precisa lucrar).
Portanto,
na busca de expressar uma realidade , ignoram outras. Sendo parcial. Dando voz
a um só lado. Ou pior, fazendo uma foto que a empresa precisa para vender e
produzindo estereótipos para a público. Dessa maneira, a imagem choca ,
emociona e constrói uma realidade.
Um exemplo da submissão do repórter(muitas vezes
necessária) as necessidades de mercado, é o que o filme chama de Kamikaze.
Nilton Claudino fala
“No fundo é verdade, torcendo pela ação, se não fica
chato.”
O conflito entre o jornal sangrento que choca a todos e vende e o
repórter com compromisso social de passar informação está presente a todo
tempo.
"A segurança proporcionada por uma ética
pessoal e profissional é um fator preponderante para um rearranjo afetivo do
fotojornalista. É a chance de uma ´volta para casa` que ele pode fazer, mas que
o retratado raramente consegue, pelas razões conhecidas por todos nós".
Diante de tantas discussões sobre a importância do
papel do comunicador, a falta de ética sempre vem à tona.
No filme “ Shattered Glass” mostra o caso de um
repórter da revista estadunidense The New
Republic que inventava notícias. Até o bloquinho de anotações tinha
rabiscos semelhantes a notícia editada.
Geralmente, o maior conflito ético é entre interesse
público e privado. É a empresa cobrando e mostrando só um lado da estória, ou
mostrando um como certo e outro como errado. Ou mesmo, entre objetividade e
subjetividade, ou seja parte ideológica do repórter influenciar na notícia ou
na escolha de fontes. Fontes também representam um conflito corriqueiro. Muitos
jornalistas não “gastam a sola de sapato”. Fazem o famoso e já citado aqui: “
jornalismo de fast-food”, que geralmente
dá barriga.
O que aconteceu no filme foi uma estória verídica. E
não tão incomum como parece. Alunos de comunicação algumas vezes, inventam uma entrevista
ou uma fonte.
O perigo é a irresponsabilidade de levar informação
não idônea para a massa.
Segundo a revista Veja e a agência EFE: as Farc admitiram na
terça-feira ter capturado o jornalista francês Roméo Langlois.
Correspondente do canal France 24 e do jornalLe
Figaro tentava fazer uma reportagem
sobre operação do Exército colombiano contra o narcotráfico
O presidente colombiano,
Juan Manuel Santos, exigiu ao grupo terrorista que cumprisse a promessa de não
capturar civis e que libertasse o correspondente o mais rápido possível.
Diante dessa notícia, fica a questão: Até onde ir pela
informação?
Filho de Tim Lopes afirmou que preservar a vida é o mais
importante. Rodolfo Schneider,diretor de jornalismo da Band, ao falar da morte
do cinegrafista da Band, Gelson, reafirma categoricamente pela preservação da
vida.
Mas, em geral, o que move é uma adrenalina, um amor, uma
necessidade de descobrir, de investigar!
Além de terroristas, facções e traficantes, governos opressivos
também ameaçam a credibilidade da notícia.A ditadura brasileira de 64 e outras
ditaduras latino americanas disfarçadas de democracia continuam a calar a boca
da imprensa com a força.
“Eu acredito é na rapaziada Que segue em frente e segura o rojão Eu ponho fé é na fé da moçada Que não foge da fera e enfrenta o leão”
Assim
como Gonzaguinha, Arcanjo também acreditava no povo. Foi além, foi original por
dar voz à rapaziada.
Esse é
um dos pontos que Bruno Quintella pretende
mostrar no documentário sobre a vida de
Tim Lopes.
Jornalista e cineasta,
Bruno também é filho de Tim. E sabe como a morte de seu pai chocou a sociedade,
mas a vida tem valor maior. “Ele deu voz ao negro e pobre.” A alegria de
Arcanjo que rendeu o apelido Tim. Não era só parecido fisicamente com Tim Maia,
mas a animação era a mesma.
Além de explorar o lado
humano, o repórter investigativo usou o que Gertz cita como método de pesquisa:
se passar pelo objeto de estudo. Tim foi passageiro de trem, segurança, até doente
em clínicas psiquiátricas.
Bruno também cita o “esgotamento
de assunto”. Tim usava suas fontes e pesquisa a fundo. Para o cineasta e também
jornalista na Rede Globo: “Hoje o jornalista escreve pouco."Para Bruno o
que falta é originalidade e conteúdos mais
aprofundados.
Bruno Quintella está
produzindo, junto com Guilherme Azevedo, o filme sobre a vida de Tim: " Histórias de Arcanjo".
Não
é de se espantar que os pais fiquem preocupados quando seus filhos resolvem
serem jornalistas. São inúmeros riscos. O que mais assusta é temor financeiro e
junto a este o desemprego. A profissão”ingrata” também desilude. Muitas vezes o
mito da profissão livre acaba. Jornais e TV´s fazem parte de empresas e o objetivo
delas além de informar é lucrar.
Dentre
tantos fatores é a violência o que causa
pânico ao familiar do jornalista. A violência urbana das cidades grandes está
em patamar próximo a guerrilhas e terrorismo. Foi assim que Arcanjo Antonino
Lopes teve sua vida interrompida.
Tim
Lopes foi um repórter diferente do “jornalismo cagão” ou de “fast food.” O
repórter pós-moderno,muita vezes, não aproveita o espaço que tem e faz da TV
uma tabula rasa. Já o Tim inovava com seu conteúdo, originalidade, experiência
no impresso mas principalmente CORAGEM.
Arcanjo
abria suas asas para proteger menores que estavam sofrendo abuso sexual em
bailes funk na Vila Cruzeiro , Complexo do Alemão. Cristina Guimarães,
produtora sofreu ameaças e saiu da emissora. Mas Tim continou filmando com
câmera escondida e perdeu sua vida.
Segundo,
testemunhas o repórter foi torturado e morto com uma Katana pelo próprio líder
do Comando Vermelho, Elias Maluco.
Mas para seu filho também jornalista e cineasta ,Bruno Quintella, sua morte influência as autoridades a tomarem iniciativa. Bruno não vê nas UPP´s solução para os problemas da favela, mas elas permitem o direito de ir e vir dos moradores.
Eduardo Paes, prefeito do Rio conseguiu apoio para
internação compulsiva de usuários de crack da cidade. Criticado por muitos e
divulgado de maneiras diferentes.
Com diferentes maneiras de abordar a notícia, alguns
colocam como se o prefeito fosse culpado usando a mão forte do Estado contra
oprimidos sociais. Claro, devemos checar se realmente essas pessoas estão
recebendo atendimento adequado.
O outro lado mostra o usuário como um grande
criminoso. Sem pensar que a arrasadora maioria são pobres. Cidadãos que não
tiveram as mesmas oportunidades da classe média e alta. E isso é culpa de uma
má administração pública que acontece no Rio desde muito tempo.
Outra maneira de abordar um tema tão delicado foi a
que o repórter investigativo Caco Barcellos adotou. Caco mostra em São Paulo, as
pessoas como protagonistas desse drama social. Isso leva o telespectador a se
colocar na posição do outro.
Temos notícias a todo tempo. São factuais sobre
eleições americanas e o Sandy já ficou esquecido. Royalties esquecendo outros
problemas. Fim de Brasileirão, e o Fluminense ganha ou não.
As pessoas estão conectadas globalmente. Não existe
mais um grande dominador cultural para determinar o que é bom ou ruim para o
mundo. Temos crises de identidade e territorialidade, por que agora somos “ do
mundo.”
Até que ponto a Pós- Modernidade gera fortes
impactos na comunicação? Até onde os jornalistas buscam notícias realmente
consideráveis para publicá-las?
São tantas informações ao mesmo tempo em que no
embate de forças sociais, muitas vezes, o público sai perdendo. Pois notícias são
jogadas sem um respaldo reflexivo mostrando o contrapeso do tempo real. A
quantidade é maior que a qualidade. Tantas vezes os critérios de
noticiabilidade são esquecidos.
E o mais importante: Como é esse processo? O
jornalista sai da zona de conforto e vai até as fontes, busca, investiga? Será
que nosso mundo pós moderno ainda pode produzir Bob Woodward e Carl
Bernstein?
Felizmente, ainda temos Jornalistas investigativos e
reportes brasileiros que ocasionalmente
fazem matérias especiais longes do fast-food.
Correm menos risco de barriga ao gastar solas de sapato em busca de
informação transparente.